« Au Flore, à côté d'une petite bonne femme blonde, ils aperçoivent un homme qui louche derrière de grosses lunettes, il a l'aire souffreteux et sa tête de grenouille dit vaguement quelque chose à Bayard, mais ce n'est pas pour lui qu'ils sont là. Bayard repère les hommes de moins de trente ans et va les aborder. La plupart sont des gigolos qui draguent dans le secteur. Est-ce qu’ils connaissaient Barthes ? Tous. Bayard les interroge un par un tandis que Simon Herzog surveille Sartre du coin de l'œil : il n'a pas l'air en forme du tout, il n'arrête pas de tousser en tirant sur sa cigarette... »
Laurent Binet, La septième fonction du langage. Paris: Grasset, 2015: 58
É frequente encontrar referências aos grandes cafés da capital francesa em obras literárias compostas em diversos idiomas. O último caso com que me deparei foi-me trazido por Laurent Binet n'A sétima função da linguagem. A presença de personalidades mundialmente conhecidas nas áreas das letras e das artes é obrigatória. Tal o caso de Jean-Paul Sartre escolhido pelo jovem romancista gaulês.
Também eu, sem dispor dum estatuto especial de figura pública que me permita viver nas páginas dum livro, já tive o privilégio de conhecer o ambiente intelectual do Café de Flore, a portas meias com o seu velho rival, o Café les Deux Magots, esquina contra esquina, nas imediações da PUF, mesmo ali no coração da Cidade Luz. A visita saiu-me cara e a história conta-se em poucas palavras.
Tudo de passou no verão de 95, numa pacata manhã de domingo, quando resolvemos descer do 15ème arrondissement para o centro da mítica Paris. Uma súbita vontade de faire pipi da minha filha mais nova obrigou-nos a entrar no tal café frequentado por gente da cultura. 1/4 de Vittel & 1 petit noir custaram-nos a módica quantia dum conto e tal de réis. O preço do franco não era então para brincadeiras.
Uma verdadeira fortuna para um parente pobre há pouco entrado no clube dos ricos da antiga CEE. Nos dias de hoje a situação não se terá alterado muito substancialmente na atual UE. Diz-se que os livros são imitações de vida mas que a vida vai sempre muito além das peripécias protagonizadas nos romances pelos heróis da imaginação. Só assim se possa entender este dispendioso pipi au café de Flore.
Também eu, sem dispor dum estatuto especial de figura pública que me permita viver nas páginas dum livro, já tive o privilégio de conhecer o ambiente intelectual do Café de Flore, a portas meias com o seu velho rival, o Café les Deux Magots, esquina contra esquina, nas imediações da PUF, mesmo ali no coração da Cidade Luz. A visita saiu-me cara e a história conta-se em poucas palavras.
Tudo de passou no verão de 95, numa pacata manhã de domingo, quando resolvemos descer do 15ème arrondissement para o centro da mítica Paris. Uma súbita vontade de faire pipi da minha filha mais nova obrigou-nos a entrar no tal café frequentado por gente da cultura. 1/4 de Vittel & 1 petit noir custaram-nos a módica quantia dum conto e tal de réis. O preço do franco não era então para brincadeiras.
Uma verdadeira fortuna para um parente pobre há pouco entrado no clube dos ricos da antiga CEE. Nos dias de hoje a situação não se terá alterado muito substancialmente na atual UE. Diz-se que os livros são imitações de vida mas que a vida vai sempre muito além das peripécias protagonizadas nos romances pelos heróis da imaginação. Só assim se possa entender este dispendioso pipi au café de Flore.
Episódios que não se esquecem e que enriquecem as viagens... embora não literalmente. Lembro-me de ter ido em 2012 ao Café Florian, em Veneza, mas estava em obras... Fiquei por um gelado na esplanada, noutro espaço, e lembro-me de ter pago uma pequena fortuna... Mas trouxeram-me um belíssimo jarro de água fresca! Três anos depois, ia sentar-me na esplanada da Florian com a família, quando a minha nora me chamou a atenção para o facto de que se pagaria mais 8 euros pela música... Na realidade, a pequena orquestra que entretinha os turistas era ótima! Mas dava para ouvir na Piazza, sem nada pagar, e os preços da Florian eram convidativos apenas para os turistas ricos... Deu para espreitar o interior do café e tirar fotos da primeira vez e assim fiz a história...
ResponderEliminarÉ assim mesmo, quem te manda a ti sapateiro tocar rabecão. Essa é a ideia com que se fica quando passamos os Pirenéus e nos apercebemos do abismo existente entre o nosso nível de vida e o europeu em geral. Em Copenhaga também paguei uma quantia semelhante em escudos na esplanada no Hotel d'Angleterre no centro da cidade. Um conto e tal por uma café de saco,mas que, felizmente, deu para três pessoas...
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