1 de maio de 2020

Maio maduro maio...

        Ana Hatherly, As ruas de Lisboa (1977)        
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian - Coleção Moderna
Maio maduro Maio | Quem te pintou | Quem te quebrou o encanto | Nunca te amou | Raiava o Sol já no Sul | E uma falua vinha | Lá de Istambul || Sempre depois da sesta | Chamando as flores | Era o dia da festa | Maio de amores | Era o dia de cantar | E uma falua andava | Ao longe a varar || Maio com meu amigo | Quem dera já | Sempre depois do trigo | Se cantará | Qu'importa a fúria do mar | Que a voz não te esmoreça | Vamos lutar || Numa rua comprida | El-rei pastor| Vende o soro da vida | Que mata a dor | Venham ver, Maio nasceu | Que a voz não te esmoreça | A turba rompeu.
Em 1974, o Dia do Trabalhador foi celebrado na rua. Uma multidão de manifestantes juntou-se no estádio do Inatel depois de ter percorrido as principais artérias de Lisboa. No resto do país, a demonstração pública de alegria de poder comemorar o primeiro 1.º de Maio em liberdade não se fez também rogada.

Em 2020, o Dia do Trabalhador vai ser celebrado em casa. As palavras de ordem, se as houver, serão gritadas à janela. Os mass media repetirão à exaustão os discursos partidários e sindicais previsíveis e habituais nestas circunstâncias. A associação ao COVID-19 será obrigatória e amanhã será outro dia.

2 comentários:

  1. Haja Liberdade e que a voz não nos esmoreça nunca para cantarmos sempre o 1o. de Maio!

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  2. Tal como a celebração do dia 25-04, o dia 1-05 é celebrado em recolhimento, em reflexão, mas atentos e esperançados em dias melhores, logo os portugueses, amantes de sol, de mar e de esplanadas!

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