Comparative representations of the bee |
« L'ensemble des traits empruntées à toutes les traditions culturelles dénote que, partout, l’abeille apparaît essentiellement comme douée d’une nature ignée, c’est un être de feu. Elle représente les prêtresses du Temple, les Pytho-nisses, les âmes pures des initiés, l’Esprit, la Parole ; elle purifie par le feu et elle nourrit par le miel ; elle brûle par son dard et illumine par son éclat. Sur le plan social, elle symbolise le maître de l’ordre et de la prospérité, roi ou em-pereur, non moins que l’ardeur belliqueuse et le courage. Elle s’apparente aux héros civilisateurs, qui établissent l’harmonie par la sagesse et par le glaive. »J. Chevalier et A. Cheerbrant, Dictionnaire des symboles : Mythes, rêves, coutumes, gestes, formes, figures, couleurs, nombres. Paris : Robert Laffont – Jupiter, 1969, 1982 (2b)
Celebra-se este ano o bicentenário da morte de Napoleão Bonaparte (1769-1821), o Imperador dos Franceses (1804-1814, 1815) que, depois de ter tido a ilusão de ser o senhor do mundo, perdeu em Waterloo tudo o que conquistara e acabou ingloriamente os seus dias desterrado na ilha inglesa de Santa Helena, privado de todos os títulos que havia colecionado ao longo da vida. Polémico durante toda a sua existência, o organizador do estado moderno continua a alimentar as mais diversas controvérsias na atualidade, alternando a fama de tirano para uns e a de herói para outros.
Nos seis anos que durou o último exílio no Atlântico Sul, o ex-general gaulês escreveu um livro sobre Júlio César, de quem era um admirador confesso. Não é de estranhar que tenha substituído os anteriores divisas monárquicas dos Bourbons pelas imperiais da Era Napoleónica. No centro do manto de arminho e encimado por uma coroa fechada de cinco arcos, domina uma águia romana de asas abertas, rodeada pelo cetro do Poder, pela mão da Justiça e pelo colar da Légion d'Honneur. Um enxame de abelhas de número indefinido completa o brasão de armas do novo regime.
Onde luzia a flor-de-lis capetiana, passou a figurar o N de Napoleón. As abelhas merovíngias recuperou-as Bonaparte das insígnias de Childéric Ⅰer. O primeiro imperador dos franceses restaurou a simbólica da ordem e da prosperidade, do ardor e da coragem, da civilização e da harmonia inaugurada na antiga província romana da Gália pelo primeiro rei histórico dos francos, através da sabedoria e da espada com que soube resistir e sair vitorioso das invasões bárbaras rivais de Hunos, Vândalos, Visigodos e Borgonheses. Exemplo vivo de heroísmo medieval que urgia restaurar na modernidade.
ABEILLES DE NAPOLEÓN |
Interessantes registos sobre a heráldica francesa... Pena Napoleão ter abandonado a flor-de-lis pela simbologia do imperialismo, sem ter assimilado as lições da extraordinária organização das abelhas...
ResponderEliminarA ideia de Napoleão era mesmo de imitar a organização exemplar das abelhas, porém a tentação do poder absoluto que o norteou ao longo do consulado impediu-o de o concretizar. As «abelhas» esvoaçaram por um período muito curto o território imperial francês, mas a «flor-de-lis» monárquica não conseguiu sobreviver às inovações sucessivas da heráldica republicana, representada pelo surpreendente «facho» da justiça. Vá-se lá perceber porquê...
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