14 de outubro de 2021

Quando os livros falam de livros

Agora só me falta mergulhar na leitura de Proust...

– Não queres livros nem vídeos?
– Não me estou a lembrar de nenhum título em particular...
– Que te parece Em Busca do Tempo Perdido? – sugeriu Tamaru. – Se ainda não leste a obra de Proust, creio que será uma boa ocasião para o fazeres.
– Tu já leste?
– Não. Nunca fui parar à prisão nem tive de andar escondido do mundo durante muito tempo. Dizem que é difícil ler essa obra em vários volumes, a não ser que uma pessoa se veja numa situação do género.
– Conheces alguém que tenha lido o romance até ao fim?
– Bom, conheço algumas pessoas que passaram longas temporadas atrás das grades, mas não é propriamente o tipo de gente que se interesse por Proust.
– Vou experimentar. Quando conseguires arranjar os livros, envia-mos.
– A verdade é que já os tenho aqui à mão – confessou Tamaru...

Em cima da mesa empilhavam-se os sete volumes da obra Em Busca do Tempo Perdido, de Proust. Não estavam novos, mas nada indicava que tivessem sido lidos...

– Agora só me falta mergulhar na leitura de Proust...

Sentada no sofá, concentrou-se na leitura, seguindo as páginas escritas por Proust: Do Lado de Swann. Imaginou as cenas descritas na história e tentou que outro pensamento interferisse com a sua mente...

Haruki Murakami, 1Q84-3 (Lx: CdL, 2; 40-41, 43 & 87)


NOTA
No dia em que resolvi tirar da estante o volume Du côté de chez Swann, lido pela primeira vez há uma eterni-dade na FLUL para a cadeira de Literatura Francesa. Boa altura, esta, para regressar a Marcel Proust e À la re-cherche du temps perdu, que nunca cheguei a visitar na sua totalidade e agora espero ser uma boa ocasião de o fazer. A aventura já começou em setembro, mas só agora começo a dar conta contada do facto, uma verdadeira maratona pelos vários milhares de páginas em letra miúda e parágrafos quilométricos que ainda me faltam percorrer da grande saga memorialista das letras francesas.

2 comentários:

  1. "Do lado de Swann" foi o único volume que li do monumental "Em busca do tempo perdido". Da leitura ficou-me uma forte sensação da nostalgia derivada da desilusão do autor com a mundanidade dos salões parisienses que frequentou...
    Feliz leitura da saga de Proust, Prof.!

    ResponderEliminar
  2. Pois, ainda não me atrevi "Em busca do tempo perdido"!
    Boa leitura, depois conte como foi...

    ResponderEliminar