7 de março de 2022

Imagens e sons transmitidos à distância

Recetor de Televisão com Rádio
GRAETZ LANDGRAF F39 - 1957
[Museu Virtual da RTP]

“We think basically you watch television to turn your brain off, and you work on your computer when you want to turn your brain on.”
Aniversários
Quando eu nasci ainda não havia televisão entre nós. Aliás, pouco me serviria nos anos seguintes. Os aparelhos custavam fortunas às economias domésticas da época e a dependência ainda não se tinha instalado. Só era transmitida algumas horas por noite e os programas eram vistos num qualquer café rendidos à novidade do momento. A rádio ainda era rainha e senhora. Sobretudo na difusão de folhetins diários de faca e alguidar, de relatos de futebol e de hóquei em patins, de discos pedidos e de notícias à hora certa.

Quando a televisão nasceu eu ainda não tinha idade para a ver. Não guardo memórias desse 4 de setembro de 1956 em que a RTP iniciou as suas emissões experimentais na Feira Popular, ou desse 7 de março de 1957 em que o canal estatal iniciou às 21.30h a sua emissão regular. Depois de jantar, está bem de ver. Ao que julgo saber, foi nessa noite que se transmitiu o Monólogo do Vaqueiro de Gil Vicente, o primeiro teleteatro subido à cena no pequeno ecrã, protagonizado por Ruy de Carvalho e realizado por Álvaro Benamor.

Quando vi televisão pela primeira vez foi aos ombros do meu pai. Passados 65 anos vejo-a sentado na sala com um livro nas mãos para o que der e vier. Neste dia de aniversário não vai ser diferente. Não assistirei a nenhuma reposição do auto vicentino, mas terei direito nos canais de sinal aberto ou fechado entretanto nascidos a telenovelas a rodo, a séries policiais a torto e a direito, a concursos até dizer basta, a reality shows a provocar o vómito e muita guerra nos telejornais. Tristes imagens e sons estes emitidos à distância.

3 comentários:

  1. Vi TV pela primeira vez uma década depois da sua primeira emissão em Portugal, quando cheguei a Lisboa, em Dezembro de 1966. Já se tornara uma peça indispensável no dia a dia das familias e a nossa já não dispensava as sessões em conjunto das telenovelas brasileiras baseadas nos belíssimos romances de Jorge Amado, dos jogos de futebol em que apoiávamos incondicionalmente o Benfica do Eusébio e companhia ou desancávamos os ingleses, dos filmes antigos cujo enredo feliz permitia acesos debates sobre a existenc8a humana, das sessões musicais... Tempos em que a família era então uma base de afetividade indispensável na luta diária pela vida... Hoje, valha-nos o comando pata mudar de canal constantemente, face aos maus programas e à devassa vergonhosa do íntimo das pessoas que se vendem para o espetáculo.

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  2. Recordo que a televisão entrou em nossa casa logo no início, um ano antes do meu irmão mais velho nascer.
    A televisão sempre foi uma companhia a par da telefonia, os aparelhos competiam em tamanho.
    Vejo televisão ainda hoje, há tempo para tudo.
    Há programas que não vejo de todo, nem vale a pena referir quais.
    Os canais temáticos e mais recentemente os plataformas de streaming vieram revolucionar a forma de ver televisão, já aderi.
    O próximo passo será assistir a outra forma de programa: os podcast. A penúltima revista Visão elencava um conjunto de nomes...
    A televisão já não é o que foi, mas em meu juízo, cumpriu e continuará a cumprir o seu propósito: informar e entreter. Haja discernimento para saber escolher.

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  3. A televisão em Portugal tem a minha idade, ah, e já gora, também o Metro de Lisboa.

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