27 de março de 2022

West Side Story, história cantada, dançada e filmada dum amor sem barreiras

PROLOGUE
Two households, both alike in dignity, | In fair Verona, where we lay our scene, | From ancient grudge break to new mutiny, | Where civil blood makes civil hands unclean. | From forth the fatal loins of these two foes | A pair of star-cross'd lovers take their life; | Whose misadventur’d piteous overthrows | Do with their death bury their parents' strife. | The fearful passage of their death-mark'd love, | And the continuance of their parents' rage, | Which, but their chil-dren's end, nought could remove, | Is now the two hours' traffic of our stage; | The which if you with patient ears attend, | What here shall miss, our toil shall strive to mend.
William Shakespeare, Romeo and Juliet (1597)

Em meados do século passado, Jerome Robbins levava à cena com grande sucesso na Broadway o West Side Story (1957), com música de Leonard Bernstein e letra de Stephen Sondhein, numa adaptação do livro de Arthur Laurents. À distância dum oceano e numa cidade estremenha, os meus cinco anos dificilmente se dariam conta do êxito alcançado por essa produção nos palcos da grande metrópole nova-iorquina já a sonhar com as telas de todo o mundo.

A passagem para o cinema do drama trágico quinhentista do Romeu e Julieta de Shakespeare, acomodado à realidade americana dos EUA e do Porto Rico recente foi quase imediata. Coube a Robert Wise dar corpo a esse West Side Story (1961) filmado, com todos os meios hollywoodescos então disponíveis. As melodias do musical e a notícia dos dez óscares arrecadados chegaram aos meus ouvidos de nove anos, insuficientes ainda para me dar acesso ao grande ecrã.

Uma década volvida, vi pela primeira vez ao West Side Story numa sessão clássica do Monumental/Império. Fi-lo com a minha turma do ICL e recordo que essa história da Zona Oeste de NY cantada e dançada nos anos 50 nos pareceu pouco credível na Lisboa dos anos 70. Essa ida ao cinema custou-me, porém, uma mudança brusca da Estrela-Lapa para Campo de Ourique. Desavenças com a minha senhoria da época que não tolerara o meu atraso à hora do jantar.

Passadas as imagens em movimento, ficaram as palavras cantadas. Primeiro pelos cantores líricos sem rosto visível no celuloide que deram voz aos atores cénicos com honras de cartaz e práticas de play back. Depois pelos nomes sonantes de José Carreras, Kiri Te Kanawa e Tatiana Troyanos (entre outros) que as registaram num álbum (1998). Conservo ainda o CD e não me canso de visionar as gravações que foram feitas em making-of  e disponibilizadas na Net.

Os ecos do musical representado nos palcos do teatro e projetado nas telas do cinema e da televisão voltou a interessar muito recentemente os amantes da 7.ª Arte. Deixei passar a versão que Steven Spielberg emprestou ao West Side Story (2021) nas salas de Faro, caso tenham estreado por aqui e o SARS-CoV-2 o tenha deixado. Enquanto as reposições tardam a chegar, limito-me a cantarolar con brio latino algumas das suas áreas mais conhecidas e a alegrar-me com o ato.

1 comentário:

  1. Há uns dias, revi de novo o filme num canal da TV Cabo, com o mesmo prazer da primeira vez, que deverá ter sido na mesma altura em que também eu morava em Campo de Ourique. A beleza da música acompanha-nos sempre e eu dou por mim a cantar "I feel pretty" muitas vezes...

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