Maria Helena Vieira da Silva La partie d'echecs | A partida de xadrez [Paris - Centre Pompidou - 1943] |
«Um bom jogador de xadrez está sinceramente convencido de que a sua derrota decorre dum erro seu e então procura esse erro no início do jogo, mas esque-ce que a cada etapa, ao longo de toda a partida, houve erros semelhantes e que nenhum dos seus lances foi perfeito. O erro ao qual o jogador dirige a sua aten-ção só lhe parece mais saliente porque o adversário tirou proveito dele. Bem mais complexo que isso é o jogo da guerra, que se passa em condições de tempo determinadas e onde não há uma vontade única que governa mecanismos inani-mados, mas, ao contrário, tudo decorre de um conflito incalculável de vontades distintas.»Leão Tolstói, Guerra e Paz (1865)
Quem invade um país rival acaba sempre derrotado. Mais tarde ou mais cedo, duma maneira ou de outra. Às vezes uma reviravolta geoestratégica nos jogos de guerra e paz dura menos tempo do que uma partida de xadrez. Os ditadores acabam muitas vezes por ter um final bem mais dramático do que o sofrido pelo rei adversário após o xeque-mate num jogo de tabuleiro pintado a preto e branco.
Napoleão foi derrotado pelo General Inverno na Rússia czarista e acabou exilado em Santa Helena, ao que parece envenenado. Hitler foi derrotado em Estalinegrado na Rússia soviética e acabou por se suicidar num bunker duma Berlim arrasada pelos exércitos aliados. As invasões dos exércitos francês e germânico aos países vizinhos acabaram mal haviam começado. Só deixaram a morte atrás de si.
As lições da História deveriam calar fundo nos países que alguma vez se viram invadidos, impedindo-os de cometer os mesmos erros. A derrota dos exércitos invasores da URSS ao Afeganistão deveriam ter servido de exemplo às agora forças invasoras da Federação Russa à Ucrânia. Parece que as megalomanias napoleónicas e hitlerianas passadas de pouco terão servido às putinadas atualmente em curso.
Nos duelos de David e Golias os anões podem vencer os gigantes. A funda certeira do futuro rei de Israel lançou por terra o soldado filisteu. Uns cocktail molotov bem direcionados pela resistência finlandesa acabou numa centena de dias com as forças invasoras de Stalin no inverno de 1939-1940. As hordas invasoras do novo inquilino do Kremlin que se cuidem. A resistência dos povos move montanhas.
A derrota do Putin já está registada desde o início no mapa do mundo que o condenou, conquistado pela resistência admirável do povo ucraniano. A cada dia que passa, há quem tome uma atitude pública corajosa nesta luta de forças desiguais e salienta quem é o vencido a priori. Infelizmente, há sempre milhares de inocentes que pagam pela loucura dos homens, que apoia e empodera quem se mostra inqualificável desde sempre... E esta guerra, ainda mal começada, já marcou demasiado o povo ucraniano e o mundo que o apoia. Pena os interesses das nações estarem envolvidos em questões tão complexas, espelho da imperfeição dos homens...
ResponderEliminarDerrotado desde o início da partida e mesmo assim a semear a espalhar a morte por toda a terra ucraniana e adiar a paz na terra devastada sabe-se lá para quando. E assim vamos de crise em crise, ao sabor dos caprichos insondável da natureza e da insanidade galopante dos homens...
Eliminar