16 de março de 2022

Jogos de tabuleiro a preto e branco

Maria Helena Vieira da Silva
La partie d'echecs | A partida de xadrez
[Paris - Centre Pompidou - 1943]
«Um bom jogador de xadrez está sinceramente convencido de que a sua derrota decorre dum erro seu e então procura esse erro no início do jogo, mas esque-ce que a cada etapa, ao longo de toda a partida, houve erros semelhantes e que nenhum dos seus lances foi perfeito. O erro ao qual o jogador dirige a sua aten-ção lhe parece mais saliente porque o adversário tirou proveito dele. Bem mais complexo que isso é o jogo da guerra, que se passa em condições de tempo determinadas e onde não uma vontade única que governa mecanismos inani-mados, mas, ao contrário, tudo decorre de um conflito incalculável de vontades distintas
Leão Tolstói, Guerra e Paz (1865)
 Jogos de Xadrez  Guerra Paz 

Quem invade um país rival acaba sempre derrotado. Mais tarde ou mais cedo, duma maneira ou de outra. Às vezes uma reviravolta geoestratégica nos jogos de guerra e paz dura menos tempo do que uma partida de xadrez. Os ditadores acabam muitas vezes por ter um final bem mais dramático do que o sofrido pelo rei adversário após o xeque-mate num jogo de tabuleiro pintado a preto e branco.

Napoleão foi derrotado pelo General Inverno na Rússia czarista e acabou exilado em Santa Helena, ao que parece envenenado. Hitler foi derrotado em Estalinegrado na Rússia soviética e acabou por se suicidar num bunker duma Berlim arrasada pelos exércitos aliados. As invasões dos exércitos francês e germânico aos países vizinhos acabaram mal haviam começado. Só deixaram a morte atrás de si.

As lições da História deveriam calar fundo nos países que alguma vez se viram invadidos, impedindo-os de cometer os mesmos erros. A derrota dos exércitos invasores da URSS ao Afeganistão deveriam ter servido de exemplo às agora forças invasoras da Federação Russa à Ucrânia. Parece que as megalomanias napoleónicas e hitlerianas passadas de pouco terão servido às putinadas atualmente em curso.

Nos duelos de David e Golias os anões podem vencer os gigantes. A funda certeira do futuro rei de Israel lançou por terra o soldado filisteu. Uns cocktail molotov bem direcionados pela resistência finlandesa acabou numa centena de dias com as forças invasoras de Stalin no inverno de 1939-1940. As hordas invasoras do novo inquilino do Kremlin que se cuidem. A resistência dos povos move montanhas.

2 comentários:

  1. A derrota do Putin já está registada desde o início no mapa do mundo que o condenou, conquistado pela resistência admirável do povo ucraniano. A cada dia que passa, há quem tome uma atitude pública corajosa nesta luta de forças desiguais e salienta quem é o vencido a priori. Infelizmente, há sempre milhares de inocentes que pagam pela loucura dos homens, que apoia e empodera quem se mostra inqualificável desde sempre... E esta guerra, ainda mal começada, já marcou demasiado o povo ucraniano e o mundo que o apoia. Pena os interesses das nações estarem envolvidos em questões tão complexas, espelho da imperfeição dos homens...

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    1. Derrotado desde o início da partida e mesmo assim a semear a espalhar a morte por toda a terra ucraniana e adiar a paz na terra devastada sabe-se lá para quando. E assim vamos de crise em crise, ao sabor dos caprichos insondável da natureza e da insanidade galopante dos homens...

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