Édouard Manet « Les bulles de savon » (1867) [Lisboa - Museu Calouste Gulbenkian] |
Perdi a noção do tempo em que olhei para o olhar atento do menino das bolas de sabão, captado há mais de século e meio pela paleta impressionista de Édouard Manet, agora exposto para quem o quer olhar numa sala bem iluminada do Museu Calouste Gulbenkian de Lisboa. A efemeridade dum olhar e duma bola de sabão ficaram congeladas num instantâneo pintado a óleo sobre tela, a demonstrar o quanto a Arte tem o condão de perpetuar um momento igual a tantos outros, como se fosse de facto único e irrepetível.
Olhar alheio aos olhares que o olham, como se o mais solene do olhar fosse olhar uma bola de sabão. E quem se deixa olhar sem retribuir o olhar continua a atrair os olhares de quem se sente atraído pela força imperiosa de todas as cores convocadas por Édouard Manet em França nesse já distante ano de 1867. Fragilidade cintilante feita para ser lançado ao ar e aí pairar por instantes. Efemeridade que o olhar do mestre das luzes nos dispensou de olhar nesta captação mágica dum momento oferecido à eternidade.
Belíssimo quadro! Ainda bem que a arte nos oferece momentos assim belos que nos convidam à introspeção...
ResponderEliminarE vontade de os voltar a ver olhos nos olhos ou, neste caso, olhos no menino que olha a bola de sabão. Faz-me lembrar o tempo em que eu me dedicava também a esse divertimento infantil...
EliminarConheço bem esse olhar, um olhar que nos prende e fascina, nos convoca para a Arte.
ResponderEliminarHá alguns olhares assim cativantes. Segredos da Arte...
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