POSTERS ORIGINAIS [Musical, 1959 - Filme, 1965] |
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Andava eu no início do ensino secundário quando o The sound of music (1965) se estreou entre nós e se tornou no maior êxito da permanência contínua num cinema de Lisboa. Registam as notícias da época sobreviventes à voragem do tempo que terá permanecido no cartaz do Tivoli 58 semanas com várias sessões diárias, tendo sido visto, só ali, por mais de 700 000 espetadores. Espantoso mesmo nos nossos dias um tal sucesso, sobretudo quando a projeção de longas e curtas metragens se transferiu em grande parte das salas tradicionais para os ecrãs maiores ou menores dos televisores domésticos. Tecnologias e práticas agora vulgares completamente desconhecidas na época.
Tive conhecimento dos primeiros ecos do sucesso do filme a partir da trilha sonora gravada em disco, que as rádios começaram a transmitir desde os primeiros instantes a qualquer hora do dia ou da noite. Ouvi-a depois vezes sem conta no gabinete de Religião e Moral, onde o P.e Naia tinha por hábito receber os alunos, mesmo aqueles que já não frequentavam a disciplina, como seria o meu caso. Falava-se um pouco de tudo, sem tabus, e até das temáticas mais cruciais que o bom senso permitia abordar. O ambiente dramático-musical levado ao grande ecrã por Robert Wise permitia abordar alguns assuntos que já tinham entrado no domínio público, apesar dos cortes cirúrgicos da censura.
Assisti à projeção do Música no Coração na plateia do Salão Ibéria do Parque da Rainha D. Leonor. Fi-lo numa matinée de fim de semana numa sala completamente esgotada, à semelhança das restantes sessões que ali se terão realizado. Por entre dentes trauteei as melodias compostas para um musical homónimo idealizado para os palcos americanos em 1959 e transposto seis anos depois para as telas de todo o mundo. Não terei sido o único a fazê-lo. Ainda hoje haja quem continue a dar vida às canções de Oscar II Hammerstein e Richard Rodgers e as interprete como pode e sabe sempre que se proporciona. A história d'A família Trapp continua a ter os seus fiéis intérpretes amadores e profissionais.
À distância de várias décadas, o Parque das Caldas da Rainha mudou de nome e chama-se agora de D. Carlos I, o velho cinema erigido junto aos Pavilhões do Hospital Termal ruiu e não foi substituído por coisa nenhuma, o livro passou de moda e caiu no mais completo esquecimento, o LP cessou de rodar nos velhos gira-discos e foi agora convertido em adaptações vídeo alojadas no YouTube, o filme deixou de ser projetado pelas televisões na quadra de Natal e foi trocado pelo Sozinho em casa original e sequela(s). A história dos cantores da família von Trapp cedeu o por outras histórias contadas-cantadas doutras famílias. Venham elas para as podermos trautear, assobiar ou dramatizar.
MARIA AUGUSTA TRAPP The story of Trapp Family Singers (1949) | A família Trapp (1962) |
Este texto traz-nos ums das melhores recordações da nossa juventude, tendo como pano de fundo esta extraordinária voz a entoar das mais belas canções de todos os tempos. Acabava eu de chegar a Lisboa para (re)começar outra vida...
ResponderEliminarE não havia pipocas ...
ResponderEliminarO êxito foi tão grande que até o meu pai, que não gostava de cinema, se deixou convencer e lá foi comigo e a minha mãe ver Música no coração, a uma matinée, numa tarde de sábado, em Setúbal nesses anos 60.
ResponderEliminarO Artur captou bem o espírito da época, relativamente ao filme. Em São Paulo foi muito parecido, lá se chamava A noviça rebelde. Como curiosidade, aponta-se a assessoria à produção por parte de uma integrante da família von Trapp, que segundo diziam, discordava de tudo e atrapalhava bastante a execução do trabalho. Terá tido mesmo que ser "dispensada"... Naqueles tempos, havia filmes que permaneciam em cartaz meses e meses em cartaz, sempre com salas cheias. A Severa, Dr. Jivago, Ben Hur, Os 10 mandamentos, Deu a louca no mundo, são alguns exemplos.
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