26 de fevereiro de 2024

A maçã-de-elefante, bolsa-de-pastor ou fruta-cofre da árvore das patacas

DILLENIA INDICA

Contam as histórias com história que a lenda da árvore-das-patacas terá nascido no hemisfério sul, após a debandada da Corte Lusitana para Terras de Vera Cruz. A crença na existência duma árvore capaz de dar frutos repletos de moedas anda associada à dillenia indica, speciosa ou elongata, planta oriunda das Índias Orientais introduzida nas Índias Ocidentais durante a vigência da política imperial botânica dos Bragança. A particularidade que celebrizou essa espécie reside no facto das suas pétalas se fecharem sobre o centro das flores para produzir o respetivo fruto. 

Com o propósito de ministrar uma formação pedagógica adequada para o herdeiro, D. João VI ter-se-á aproveitado das propriedades insólitas da dilénia índica, colocou uma moeda de pataca numa das suas flores para que gerasse a maçã-de-elefante, bolsa-de-pastor ou fruta-cofre da árvore-do-dinheiro ou das patacas. Ao que parece, mais tarde D. Pedro de Alcântara terá usado com sucesso esse subterfúgio para desfazer os sonhos desmedidos de riqueza fácil dos súbditos reais de Portugal e imperiais do Brasil com resultados visíveis ainda nos nossos dias.

A árvore das patacas saiu dos jardins do palácio imperial brasileiro, varou o largo mar oceano e alojou-se de armas e bagagens na selva do partidarismo mediático português em véspera de eleições. Vestiu a roupagem do despudor atrevido e pôs-se a prometer mundos e fundos para resolver todos as crises atávicas que por aí vão pululando. Terá descoberto não se sabe muito bem onde uma nova fazedora vegetal de fundos capaz de cobrir todos os sufocos, um feliz pomo de ouro colhido no Jardim das Hespérides a trocar as velhas patacas há muito tempo caídas em desuso.

2 comentários:

  1. Muito interessante! Infelizmente, há quem se deixe levar ainda pelo canto da sereia...

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