SĒDĒS ‒ ΚΑΘΈΔΡΑ [Cadeira de D. José Manoel da Câmara, 2.º Cardeal Patriarca de Lisboa] |
Sés & Catedrais
Se alguma vez nos perguntarmos qual o tamanho mínimo exigido a uma igreja cristã para deixar de se chamar Sé e ascender à categoria de Catedral, a resposta é fácil de dar. As sés e as catedrais não se medem a palmo, a passo ou a metro. Basta possuírem uma cadeira para o bispo, o arcebispo ou o patriarca se sentarem. Há quem lhe chame trono, mas basta chamar-lhe cadeira ou, se preferirmos, recorrermos às etimologias clássicas de «sede» (< lat. sēdēs) ou «cátedra» (< gr. καϑέδρα), e daí a derivação para Sé e Catedral. Escusado será dizer que a associação Sé-Catedral, muitas vezes usada, se torna inútil por redundante.
O tamanho das palavras tem muito pouco ou nada a ver com a dimensão das entidades a que se referem. Por definição e enquanto unidades linguísticas, são arbitrárias, convencionais e imotivadas. A dimensão das sés/catedrais portuguesas deve-se a fatores de ordem estética e espaçotemporal. A localização periférica do país face ao eixo central europeu fez com que a arte gótica tenha chegado ao seu extremo ocidental quando as sedes diocesanas já tinham sido erigidas segundo os padrões da arte românica. A grandiosidade das Domus Dei de além-Pirenéus é transferida para os mosteiros e abadias que por aqui se foram construindo.
A originalidade das nossas sés/catedrais medievais está intimamente associada ao período histórico vigente à data da sua edificação. A designada Reconquista Cristã Peninsular (718-1492) condicionou o levantamento arquitetónico secular e religioso do Reino, bem patente nas igrejas-fortaleza que lhes serviram de modelo como sedes episcopais então criadas ou restauradas. A robustez românica das torres, muralhas, ameias, merlões e seteiras bélicas a substituir a fragilidade gótica das flechas, rosáceas, vitrais, varandins, janelões artísticos. E assim se juntou o útil ao agradável, como diz o ditado que a verdade dos séculos lá vai confirmando.
Sé Velha de Coimbra [Igreja-Fortaleza] |
As visitas promovidas pelo Departamento da Cultura da CML fornecem
ResponderEliminarestas valiosas informações. Não as tenho acompanhado, azar meu...