Marc Chagall, Le paysage bleu, 1949
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Encosta a tua cabecinha no meu ombro e chora | E conta logo a tua mágoa toda para mim | Quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora, | Que não vai embora | Porque gosta de mim. || Amor, eu quero o teu carinho, | porque eu vivo tão sozinho | Não sei se a saudade fica ou se ela vai embora, | Se ela vai embora, se ela vai embora | Não sei se a saudade fica ou se ela vai embora, | Se ela vai embora, porque gosta de mim...Paulo Jorge, Cabecinha no ombro (1958)
1. Cantores da Rádio
Nos meus verdes anos de menino e moço extrovertido, não me impor-tava de cantar em público, à capela e a solo. Fi-lo várias vezes na sala de aula da primeira classe nos dias de canto coral. Numa delas enveredei pela Cabecinha no ombro, o sucesso musical que a rádio passava então de manhã à noite sem parar. A melodia e as palavras escolhidas por Paulo Jorge entravam facilmente no ouvido e convi-davam a ser repetidas por quem as ouvia. O Duo Guarujá deu-lhe voz em 1958 num primeiro registo em disco, a que se seguiram muitas outras até hoje. Parece que desde essa altura ninguém se cansa de entoar no momento adequado o convidativo encosta a tua cabecinha no meu ombro e chora...
2. Novelas da Televisão
As modas vão e vêm ao sabor dos dias que se sucedem uns aos outros sem olhar para trás. Voltei a ouvir a velha guarânia da minha infância decorridas quatro décadas. Os folhetins radiofónicos da RR e do RCP foram substituídos pelas telenovelas da Rede Globo, transmitidas pela RTP e SIC. Desta feita, a interpretação esteve a cargo de Almir Sater e Sérgio Reis, que formavam o duo Pirilampo e Saracusa n'O rei do gado de Benedito Ruy Barbosa, corria então o ano de 1997. O êxito televisivo foi imediato. A organização dos serões sertanejos começaram a repetir-se insistentemente episódio após episódio, findando sempre com a inevitável encosta a tua cabecinha no meu ombro e chora...
3. Vídeos da Internet
As mágoas e choros, as saudades e carinhos, as juras e amores contados em forma de canto silenciaram-se pouco a pouco, quando os ecos novelescos se calaram e foram substituídos por outros de maior ou menor sucesso mediático. Voltei a entoar a cantiga vinte anos depois, como nos romances mosqueteiros publicados aos domingos nos jornais ou distribuídos em fascículos debaixo da porta. Inspirei-me nos muitos vídeos disponibilizados no universo internético do YouTube. O meu público resume-se agora ao meu neto de dois anos. Agarra-se-me ao pescoço, aconchega-se-me ao colo e trauteia comigo a melodia apaziguadora do encosta a tua cabecinha no meu ombro e chora...
Uma canção sem tempo. Lembro que na rádio passava constantemente e o pessoal pequeno trauteava a letra. Parabéns ao neto que vai trauteando a canção com a ajuda do avô "babado"
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