18 de dezembro de 2021

Melodias de silêncio e som

CONCERTO
[Azulejo português - Baixa Lisboa - séc. ⅩⅤⅠⅠⅠ]

Durante semanas, prepara-se um concerto, escolhem-se partituras e ajustam-se planos, limam-se arestas e definem-se estratégias. Cada peça é um todo e cada uma delas responde em uníssono. Entre uma e outra instala-se uma pausa para que a plateia se manifeste. Que aplauda, que pateie, que diga que está ali ou guarde um mutismo de corpo presente.

Durante noites a fio, os ensaios sucedem-se, os naipes esmeram-se, os acertos repetem-se, as vozes afinam-se, a perfeição persegue-se, a arte surge a cada momento. Os jogos de silêncio e som moldam as melodias do indizível. Um concerto sem público é um corpo sem alma, um poço sem fundo, um beco sem saída, um vazio sem princípio nem fim visível.

Quando um concerto é ao vivo e o público está impedido de assistir, o desânimo de uns e outros entra em cena. Quando os motivos evoca-dos estão associadas a uma crise pandémica que teima em ficar, o desalento mitiga-se e o bom senso impõe-se. Situando-nos na quadra natalícia, dá vontade de entoar o cantamus et laudamus e transmiti-lo online.

1 comentário:

  1. Vê-se que, para quem gosta de cantar, o trabalho que os ensaios representam não esmorece o prazer de participar num coro. Sendo parte do público, sabe-se quão grande é a diferença de assistir ao espetáculo ao vivo, numa interação em que a música acentua os sentimentos humanos. É de louvar a vossa dedicação nestes tempos adversos, não desistindo de nos premiar com a vossa atuação. Que a música seja a ponte a unir-nos nestas festas natalícias!

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