6 de dezembro de 2021

O regresso das máscaras

Máscaras portuguesas da Madeira, Ílhavo e Grijó de Parada
Museus de Arte Popular e Nacional de Etnologia

más·ca·ra
(italiano maschera)
Objeto de cartão, pano, cera, madeira ou outros materiais, que repre-senta uma cara ou parte dela, destinado a cobrir o rosto, para disfar-çar as pessoas que o põem. = CARAÇA
Objeto ou equipamento, geralmente em material maleável, usado so-bre o rosto, em especial sobre o nariz e a boca, para filtrar o ar ou como barreira protetora. = CIRÚRGICA
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

Durante toda a minha meninice, a máscara mais não era do que uma mera caraça que servia de disfarce maior nos três dias de carnaval. De cartão pintada com cores berrantes, emprestava-nos uma feição fugaz de fictícia personalidade, feita à medida exata da mais curta quadra festiva do ano.

Mais crescidinho, rendi-me à mascarilha nas brincadeiras infantis aos índios e cowboys, inspirado na série televisiva das tardes de domingo do Zorro e do cavalo Silver. A fantasia rematava com um chapéu de feltro, umas calças de ganga e uma pistola de fulminantes no coldre do cinturão de couro.

com um assente nas letras, aprendi que o uso da máscara pelos atores teria sido introduzido no teatro por Théspis, o inventor lendário do drama ático, aplicado primeiro na tragédia e depois na comédia. O rosto abatido/sorridente de quem finge ser aquilo que não é fazia a diferença.

Entrado na terceira idade, fui surpreendido com a máscara cirúrgica ou antimáscara, pois tapa tudo menos os olhos. Magoa as orelhas, dificulta a respiração, embacia os óculos, mas aquece o nariz dos frios invernais e afasta o SARS-CoV-2 - COVID-19, aquele que, tal como o Toyota, veio para ficar.

3 comentários:

  1. E a pior das máscaras é aquela que os humanos usam com demasiada facilidade, a que serve para enganar o próximo, sem assumir a forma de um objeto que nos alerte para o engano...
    Que o mal necessário das máscaras cirúrgicas possam abandonar-nos em breve e que outras pandemias não surjam tão cedo para nos permitir respirar um pouco...

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    1. «Hipócrita», ator em grego (hypokritḗs), i.e., aquele que finge ser o que não é. Fugir de todos esses dissimulados que passam a vida a representar sem fazer parte de nenhuma companhia dramática.

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  2. Tudo verdade.
    Do que tenho compreendido é uma questão de hábito cultural, na cultura nipónica, por exemplo.
    Que seja o menor dos nossos problemas...

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