Reza a lenda, que corre de boca em boca, ter um pedaço de queijo caído inadvertidamente num fogo de lenha que começou a derreter. As mãos descuidadas que o tinham deixado escapar retirou-o tal como pôde das brasas, derramou-o sobre as batatas cozidas que tinha no prato e provou a iguaria assim obtida. Ao que parece, la raclette à fromage valaisan fondu et pommes de terre en robe des champs estava inventada. Nasceu no cantão suíço do Valais, mas rapidamente passou as fronteiras helvéticas e se instalou nos hábitos culinários dos países limítrofes.
Descobri este manjar dos deuses numas férias verão já distante dos anos 70/80 na Bretanha, muito embora se aconselhe fazê-lo nos meses frios de inverno. Continuamos cá em casa a fazê-lo com alguma frequência com um aparelho elétrico adquirido numa grande superfície de Rennes. A grande dificuldade que se vivia então era a inexistência entre nós do queijo adequado exigido à preparação. Trouxemo-lo muitas vezes de França e outras mais de Espanha, até surgirem em alguns os supermercados nacionais. A entrada na CEE de então facilitou a função gastronómica.
A degustação pantagruélica faz-se nos dias de hoje com o recurso a outras gulodices mais ou menos calóricas. A charcuterie variada ocupa um primeiríssimo plano, logo seguida duma vasta gama de crudités. Tudo ao gosto dos comensais sentados à volta duma mesa familiar preferencialmente redonda. O fendant du valais suíço difícil de encontrar pode facilmente ser substituído por um vinho leve português ou um qualquer outro branco/verde servido bem gelado para refrescar devidamente o festim. Les petits plaisirs de la vie qui aident à avoir le paradis sur terre. Voilà !
Adoro!
ResponderEliminarDescobri um sítio que abriu agora aqui ao pé de mim, o "Sheriff", um restaurante gourmet que tem um serviço self service com várias iguarias, entre elas essa delícia! Os meus olhos vão logo a caminho, para as colocar no meu prato!
Nunca degustei uma raclette, apenas posso imaginar o sabor da iguaria pantagruélica…
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