Emblemática do Infante Dom Fernando Armas da Ordem de Avis - Divisa - Brasão de Armas Pessoais [Túmulo do Infante Dom Fernando na Capela Real do Mosteiro da Batalha] |
AS QUINAS: D. FERNADO, INFANTE DE PORTUGALDeu-me Deus o seu gládio porque eu faça | A sua santa guerra. | Indife-rente ao que há em conseguir | Sagrou-me seu em honra e em desgra-ça, | Às horas em que um frio vento passa | Por sobre a fria terra. || Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me | A fronte com o olhar; | E esta febre de Além, que me consome, | E este querer grandeza são seu nome | Dentro em mim a vibrar. || E eu vou, e a luz do gládio erguido dá | Em minha face calma. | Cheio de Deus, não temo o que virá, | Pois, venha o que vier, nunca será | Maior do que a minha alma.
Fernando Pessoa, Mensagem (1934: I, iii, 2, 1-15)
Le bien me plet
A monarquia portuguesa regista nos seus anais cinco processos bem-sucedidos de beatificação católica dos seus reais rebentos. Tantos quantos os dedos da mão. Quatro beatas e um beato que a vox populi se encarregou de incluir no rol dos santos sem terem passado por uma canonização formal da cúria romana. São elas as Infantas D. Sancha, D. Teresa e D. Mafalda, filhas de D. Sancho I, e a Princesa Santa Joana, filha de D. Afonso V. O único varão com honras de altar foi o Infante Santo Dom Fernando (1402-1443), oitavo filho de D. João I e D. Filipa de Lencastre, os reis de Boa Memória fundadores da Dinastia de Avis.
O mais jovem representante da Ínclita Geração seguiu o exemplo dos pais, irmãos e sobrinhos na elaboração da sua emblemática pessoal, enveredando pela simbologia medieval francesa do Roman de la Rose. Escolhe como corpo do brasão três ramos de roseira dispostos em círculos e como alma da divisa o lema Le bien me plet. O gosto de praticar o bem, de lutar contra todas as adversidades espinhosas da vida, dá forma ao ideal cavaleiresco veiculado pelos romans courtois então em voga. Altruísmo militante premonitório que o futuro mártir da cruzada no nascente Reino do Algarve de além-mar em África tão bem comprovaria.
O malogrado Cerco de Tânger (1437)* abriria as portas à veneração do segundo Mestre de Avis e irmão do Rei-Filósofo, do Infante de Sagres e do Príncipe das Sete Partidas. Durante o longo cativeiro marroquino, revelou-se um modelo de virtudes e de devoção cristã que o Papa Paulo II reconhecerá em 1470, poucos anos após a sua morte trágica em Fez. Cantado por Camões e Pessoa, merecerá entre outros a atenção de Calderón de la Barca, que lhe confere o estatuto de herói dramático no El príncipe constante y mártir de Portu-gal (1629), epíteto elucidativo para um sangue azul bem-aventurado da Igreja de Roma.
O mais jovem representante da Ínclita Geração seguiu o exemplo dos pais, irmãos e sobrinhos na elaboração da sua emblemática pessoal, enveredando pela simbologia medieval francesa do Roman de la Rose. Escolhe como corpo do brasão três ramos de roseira dispostos em círculos e como alma da divisa o lema Le bien me plet. O gosto de praticar o bem, de lutar contra todas as adversidades espinhosas da vida, dá forma ao ideal cavaleiresco veiculado pelos romans courtois então em voga. Altruísmo militante premonitório que o futuro mártir da cruzada no nascente Reino do Algarve de além-mar em África tão bem comprovaria.
O malogrado Cerco de Tânger (1437)* abriria as portas à veneração do segundo Mestre de Avis e irmão do Rei-Filósofo, do Infante de Sagres e do Príncipe das Sete Partidas. Durante o longo cativeiro marroquino, revelou-se um modelo de virtudes e de devoção cristã que o Papa Paulo II reconhecerá em 1470, poucos anos após a sua morte trágica em Fez. Cantado por Camões e Pessoa, merecerá entre outros a atenção de Calderón de la Barca, que lhe confere o estatuto de herói dramático no El príncipe constante y mártir de Portu-gal (1629), epíteto elucidativo para um sangue azul bem-aventurado da Igreja de Roma.
NOTA
(*) Início: 13 de setembro ; tréguas e negociações: 13 de outubro; tratado de paz: 17 de outubro.
Um intenso misticismo transpira da história do santo mártir...
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