14 de dezembro de 2020

O sabor dum café acabado de fazer

O SENTIDO DOS SENTIDOS: PALADAR
Gosto do sabor do café acabado de fazer. Arábica e Robusta: do Brasil e de Angola, de Cuba e de Timor, da Colômbia e da Etiópia. Simples ou misturados. Se possível acabados de moer em casa. Faz-me lembrar a minha infância, quando o seu aroma perfumado acabado de torrar me chegava das mercearias tradicionais de bairro, agora em vias de extinção. Gosto de fazê-lo todas as manhãs na cafeteira elétrica da cozinha. Beber uma boa chávena almoçadeira. Negro. Quente. Amargo. Forte. AromáticoBebê-lo lentamente, sem pressas, com toda a calma do mundo. Há muito que deixei de beber café feito à pressão nos cafés. Nem a quantidade nem a qualidade me satisfazem. Beber um café é um prazer que uma bica mal tirada e queimada é incapaz de proporcionar.

Gosto de acompanhar o café acabado de fazer com uma torrada de pão de cereais com manteiga ou com doce de laranja amarga. A dieta a que estou sujeito há uns tempos aconselha-me a enriquecer o pequeno-almoço com presunto e queijo curado. O sal deixou de me fazer mal quando a tensão alta passou para tensão baixa e o peso a mais se converteu em peso a menos. A roda dos alimentos resolveu confundir-se com a roda da fortuna. A sorte transformou-se em azar para depois inverterem os papéis, a demonstrar que quando uns sobem outros descem. Dizem que há males que vêm por bem. O melhor mesmo é encarar os golpes inesperados do destino pelo lado positivo da vida. Aproveitá-la o melhor possível e saborear um bom café fumegante acabado de tirar.

5 comentários:

  1. O bom apreciador de café, dirão os entendidos, por ser assim negro, forte, amargo. A saúde pregou-te uma partida mas, é como dizes, ao menos permite-te um menú reforçado. Que assim continue, o teu pequeno almoço tão aromático, com o teu café a despertar outros sentidos, mormente o das recordações de infância, que me lembram igualmente a minha, com o café a ser torrado e moído em casa. Hoje, a minha saúde não me permite bebê-lo assim forte e preparo-o em casa, a maneira turca mas mais fraco, mas continuo a deliciar-me com o cheiro.

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    1. Partida forte bem pregada da qual me não restabeleci ainda completamente. A ironia trágica foi substituída por uma ironia cómica, o que não deixa de ser também uma ironia do destino. Passei anos a evitar o açúcar e o sal e agora tenho de inverter a dieta. Preferir a carne vermelha à branca e voltar ao leite gordo. Abusar dos iogurtes gregos mas ser comedido nas verduras, fruta e saladas. O mundo de pernas para o ar como nas temáticas barrocas. E Que viva entretanto o café bem tirado!...

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  2. Cá em casa somos dois apreciadores de café, ao pequeno-almoço, sempre em casa, café é Delta, solúvel, forte, pouquinho açúcar, é uma questão de hábito. Comecei a apreciar fruta ao pequeno-almoço, uvas, banana ou sumo Compal adoçado de stevia (modernices). Uma fatia pequena de pão, queijo ou salame ou omolete simples, de queijo ou com fiambre, sempre ao fim-de-semana. Um bom pequeno-almoço é fundamental e é uma questão de hábito, um bom hábito.
    Ter apetite é meio caminho andado para uma recuperação!
    Fora de casa, nunca adquirimos máquina de café, bebemos a denominada "italiana", sem açúcar. De preferência café "Delta".
    Acho que escrevi demasiado!

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  3. Belo texto, como é habitual, aliás, meu caro. Vê lá se um dia destes escreves um texto mau, para a gente se espantar... ah, e o queijo amarelo da Beira baixa é sempre uma boa opção .

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  4. Maria da Conceição Andrade18 de dezembro de 2020 às 09:51

    Altos e baixos, dizes bem. Estou em fase de jejum do café. Enjoou-me a partir de uma rinite alérgica, só agora controlada depois de um mês de "luta" prolongada pela humidade da Figueira da Foz. Felizmente, os queijos não saíram da dieta!

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