«Mappas do Reino de Portugal e suas conquistas»Collegidos por Diogo Barbosa Machado (c. 1729-1730) |
bei·ra(origem duvidosa)nome feminino Faixa de terra junto a uma extensão de água.
Um príncipe herdeiro com um principado honorífico...
Já disse por aqui ter sido a Estremadura a marca defensiva entre o Norte da Reconquista Cristã e o Sul da Conquista Muçulmana. Nas estremas das duas faixas limítrofes rivais, ficavam o Condado Portu-calense e os Reinos Taifas, limitados transversalmente pelos rios Douro e Tejo. E assim as fronteiras do futuro Reyno de Portugal se foram fazendo. Sempre em linha reta, ao longo da costa atlântica, em direção imparável ao mar do al-Gharb al-'Andalus, no golfo magrebi-no, mesmo ali às portas do Mediterrâneo islâmico.
A progressão vitoriosa das forças lusitanas e a ampliação do território recuperado pelas armas aos invasores sarracenos obrigou a uma sucessiva reorganização do território. A zona tampão estremenha deslocou-se até à linha do Sado e deixou a descoberto toda a margem direita do Mondego, dando origem à Província das Beiras. Os antigos lugares interiores da beira da serra da Estrela passaram também a incluir a beira litoral oceânica desde o Porto à Figueira da Foz, transformando-se assim na maior região do país.
Com o estatuto que a dimensão espacial lhe conferira, Dom João IV converteu essa banda central no Principado da Beira, uma entidade honorífica cujo titular sucederia ao Monarca, e se chamaria Príncipe do Brasil se fosse um filho ou Princesa da Beira se fosse uma filha. Mais tarde, Dom João V reservou esta honraria em exclusivo para o varão mais velho do herdeiro presuntivo do trono, passando este a designar-se por vontade expressa de Dom João VI por Príncipe Real de Portugal, logo após a independência do Brasil.
O título de Príncipe foi introduzido entre nós por via inglesa, quando Dom Duarte quis distinguir o primogénito dos irmãos, os Infantes a quem outorgou a honraria nobiliárquica de Duque, também a criação do Principado e Príncipe da Beira deve ter seguido a mesma fonte de inspiração, à semelhança dos seus primos da Casa de Lencastre, que contavam com o Principado e Príncipe de Gales e para ombrear com os Principados e Príncipes das Astúrias em Castela, de Girona em Aragão e de Viana em Navarra.
Episódios da formação de um país que nos vais contando aos poucos. Entretanto, a monarquia caiu tão em desuso no país como a própria figura do Duque de Bragança...
ResponderEliminarFiguras decorativas para quem gosta de histórias de fadas como se a varinha de condão não fosse de faz de conta.
EliminarOs referidos títulos dos ditos nobres nada nos diriam sem este esclarecimento arturiano. Apreciei ainda mais a palavra "titularia" e a conclusão Com papas e bolos se enganam os tolos.
ResponderEliminarEsta publicação mostra o bom uso da escrita e da sabedoria do mestre.
Um grande abraço e Viva a República.
E continuam... não as lendas, mas os bem reais textos arturianos, cheios de sagesse e exemplos de boa escrita. Para além disso são um refrescante oásis na aridez de ideias que caracteriza a maior parte das publicações feicebuquianas. Um grande bem-haja, como se diz lá pelas minhas beiras.
ResponderEliminarQue bom ir conhecendo alguns capítulos, mais recuados da nossa História ( que, como se vê, justifica o gosto português, tão atual do " faz de conta") através da tua escrita brilhante, querido Artur!
ResponderEliminarFomos um país de príncipes e brasões. Ainda há muitos "príncipes" por aí à procura de brasões.
ResponderEliminarQuando eu era muito pequena, lembro que na minha terra havia um brasão por cima de um portão grande que dava acesso a uma casa antiga mas era habitada por três famílias que trabalhavam a terra para se manterem. Chamavam a casa dos fidalgos. Um dia apareceu um indivíduo que queria comprar o brasão. As famílias venderam ( era gente pobre) Assim deve ter nascido mais um príncipe abrasonado. Isto foi no início dos anos sessenta.